Bactérias Alimentam-se de Produtos Químicos PFAS Tóxicos e Persistentes

Bactérias Alimentam-se de Produtos Químicos PFAS Tóxicos e Persistentes

Os cientistas descobriram uma bactéria capaz de decompor os “químicos para sempre” tóxicos. Depositphotos

Os chamados “químicos para sempre” (PFAS) estão cada vez mais presentes no ambiente, nos alimentos, na água potável e até no nosso corpo. No entanto, os investigadores podem ter encontrado uma nova solução para este problema: uma bactéria capaz de consumir estes compostos e os seus subprodutos tóxicos.

As substâncias per e polifluoroalquílicas (PFAS) têm sido amplamente utilizadas há décadas devido às suas propriedades repelentes de água, aparecendo em produtos como panelas antiaderentes e roupas impermeáveis. O principal desafio é o facto de as suas ligações químicas extremamente fortes tornarem estes compostos altamente persistentes no ambiente, acumulando-se nos organismos vivos e representando riscos para a saúde de praticamente toda a população.

Um estudo realizado por investigadores da Universidade de Buffalo identificou uma espécie de bactéria capaz de decompor pelo menos três tipos de PFAS, reduzindo simultaneamente a toxicidade de alguns subprodutos gerados no processo.

A bactéria que decompõe os PFAS

A bactéria, denominada Labrys portucalensis F11 (F11), foi isolada de uma instalação industrial altamente poluída em Portugal. Aí, parece ter desenvolvido a capacidade de se alimentar destes compostos químicos, quebrando as suas ligações resistentes para aceder ao carbono que se encontra no seu interior.

Para testar a sua eficácia, os cientistas colocaram populações de bactérias em frascos onde a única fonte de carbono provinha dos PFAS, numa concentração de 10.000 microgramas por litro. Essas culturas foram incubadas por períodos que variaram de 100 a 194 dias, e posteriormente analisadas para medir a degradação dos compostos.

Após 194 dias, os pesquisadores observaram que a F11 conseguiu degradar até 96% do PFOS, um dos PFAS mais comuns. Além disso, em 100 dias, eliminou 58% de um composto conhecido como ácido carboxílico de fluorotelómero 5:3 e 21% de outro chamado sulfonato de fluorotelómero 6:2.

O mecanismo por detrás da degradação

“A ligação entre os átomos de carbono e de flúor nos PFAS é extremamente forte, pelo que a maioria dos microrganismos não a pode utilizar como fonte de energia”, explicou Diana Aga, autora correspondente do estudo. “A estirpe bacteriana F11 desenvolveu a capacidade de remover o flúor e consumir carbono”.

Mais interessante ainda, a F11 não se limitou a decompor os compostos primários de PFAS – também começou a degradar alguns dos subprodutos resultantes. Muitos destes metabolitos podem também ser prejudiciais para o ambiente, mas após 194 dias, a análise mostrou que a bactéria tinha removido o flúor de três metabolitos de PFOS.

Um passo promissor, mas não uma solução definitiva

Embora esses resultados sejam promissores, o F11 ainda não é uma solução definitiva para o problema ambiental dos PFAS. O processo de degradação é lento e, em condições naturais, onde existem outras fontes de alimento, a bactéria pode não se concentrar na decomposição destes compostos específicos.

Em seguida, os investigadores planeiam testar a adição de fontes alternativas de carbono para estimular o crescimento bacteriano sem desviar a sua atenção dos PFAS. “Queremos investigar como diferentes fontes de carbono podem influenciar a degradação dos PFAS”, disse Aga. “Mas se fornecermos uma fonte de alimento facilmente degradável, as bactérias podem ignorar completamente os PFAS. Precisamos de equilibrar a disponibilidade de nutrientes para garantir que continua a converter estes compostos em energia utilizável”.

Se os testes futuros forem bem sucedidos, os cientistas poderão utilizar esta bactéria no tratamento de águas residuais para eliminar os PFAS antes de libertar a água para o ambiente. Eventualmente, poderão combinar este processo com outros microrganismos que abordem questões ambientais igualmente preocupantes, como os microplásticos.


Leia o Artigo Original: New Atlas

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