Inquérito Global Revela o que 68 Países Pensam sobre a Ciência
Um estudo internacional inovador que envolveu mais de 71 000 participantes de 68 países revela uma confiança generalizada do público nos cientistas. A investigação também sublinha um forte desejo de que os cientistas assumam um papel mais importante na elaboração de políticas e nas questões sociais. Apesar das variações regionais, os resultados realçam a confiança global na ciência e o seu potencial para moldar as políticas públicas.
Confiança e Envolvimento Alargados
Realizado por um consórcio global liderado pela Universidade de Harvard, o estudo destaca os elevados níveis de confiança nos cientistas e uma crença partilhada na sua capacidade de contribuir para a sociedade. A maioria dos inquiridos apoiou um maior envolvimento dos cientistas na elaboração de políticas, com 83% a concordar que devem comunicar ativamente a ciência ao público.
Publicada em 20 de janeiro na revista Nature Human Behaviour, a investigação foi liderada pelo TISP, um consórcio com sede em Harvard dirigido pela Dra. Viktoria Cologna (Universidade de Harvard e ETH Zurique) e pelo Dr. Niels G. Mede (Universidade de Zurique). Uma equipa de 241 investigadores de 169 instituições, incluindo a Universidade de Bath, contribuiu para o estudo, que representa a mais completa análise pós-pandemia da confiança do público na ciência.
Principais Conclusões
- Confiança global: Em todos os países, o nível médio de confiança nos cientistas foi elevado (média = 3,62 numa escala de 5 pontos). Os inquiridos descreveram os cientistas como qualificados (78%), honestos (57%) e preocupados com o bem-estar público (56%).
- Apoio ao envolvimento: A maioria (52%) acredita que os cientistas devem desempenhar um papel mais ativo na elaboração de políticas, enquanto 23% preferem evitar a defesa de políticas específicas.
- Classificações de confiança: Os primeiros classificados: Egito, Índia, Nigéria, Quénia e Austrália.
- No meio: O Reino Unido ficou em 15º lugar, à frente do Canadá (17º) e da Suécia (20º), mas atrás dos EUA (12º).
- Na parte inferior do ranking: Albânia, Cazaquistão, Bolívia, Rússia e Etiópia.
Percepções Regionais
A Dra. Eleonora Alabrese, da Universidade de Bath, que analisou as respostas do Reino Unido, observou que a confiança nos cientistas era maior entre as mulheres, os indivíduos mais velhos e os que tinham mais habilitações académicas. Na América do Norte e na Europa, a orientação política conservadora está associada a uma menor confiança na ciência, um padrão não observado a nível mundial.
A Dra. Viktoria Cologna observou: “A maioria das pessoas confia nos cientistas a nível mundial e quer que eles se envolvam ativamente em questões sociais e políticas.” O Dr. Niels G. Mede acrescentou: “Este estudo fornece um retrato abrangente da confiança do público na ciência e do seu papel em evolução na sociedade pós-pandemia”.
Desafios e Prioridades Públicas
Embora a confiança permaneça elevada, apenas 42% dos inquiridos consideram que os cientistas têm em devida conta as opiniões do público. Além disso, os participantes sentiram um desalinhamento entre as prioridades científicas e as necessidades da sociedade. A saúde pública, as soluções energéticas e a redução da pobreza foram classificadas como as principais prioridades de investigação, enquanto a defesa e a tecnologia militar receberam o menor apoio.
Recomendações
O consórcio insta os cientistas a:
- Reforçar o envolvimento do público através do diálogo e do feedback.
- Abordar as lacunas de confiança, particularmente entre os grupos conservadores das nações ocidentais.
- Realinhar as prioridades de investigação para melhor refletir os valores públicos.
O Dr. Alabrese advertiu: “Mesmo pequenos declínios na confiança podem afetar a utilização de provas científicas na elaboração de políticas. Manter e desenvolver esta confiança é crucial para o impacto social da ciência”.
Leia o Artigo Original Scitechdaily
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