Nanoplásticos Podem Reduzir a Eficácia de Antibióticos

Nanoplásticos Podem Reduzir a Eficácia de Antibióticos

Crédito: Pixabay

Impacto dos Nanoplásticos na Absorção de Antibióticos e na Resistência Bacteriana

Um estudo recente revela que nanoplásticos — minúsculas partículas de plástico menores que 0,001 milímetros — podem interferir na capacidade do organismo de absorver antibióticos e até incentivar o desenvolvimento de bactérias resistentes a medicamentos.

Pesquisadores das universidades de Viena, Bonn e Debrecen usaram modelos moleculares para examinar as interações entre plásticos comuns (polietileno, polipropileno, poliestireno e nylon 6,6) e o antibiótico tetraciclina. Eles descobriram que os nanoplásticos podem se ligar a moléculas de tetraciclina, limitando ou até bloqueando completamente a capacidade do corpo de absorver o antibiótico.

O Caso da Tetraciclina: Um Antibiótico Amplamente Utilizado

A tetraciclina é um antibiótico amplamente utilizado para combater várias infecções bacterianas. Através de um processo chamado recozimento simulado — onde moléculas são aquecidas, excitadas e depois resfriadas para se estabilizarem — os cientistas observaram que partículas de nanoplástico se ligam firmemente às moléculas de tetraciclina.

Lukas Kenner, da Universidade de Viena, sugere que esses aglomerados de antibióticos não absorvidos, presos aos nanoplásticos, podem se tornar focos para bactérias desenvolverem resistência ao medicamento.

Kenner destaca uma preocupação específica com os ambientes internos, onde os níveis de nanoplástico são aproximadamente cinco vezes maiores que ao ar livre. Isso se deve, em parte, às fibras de nylon liberadas por têxteis, que podemos inalar ou absorver.

Simulações dos sistemas de tetraciclina e plástico ao longo do tempo e como o antibiótico se liga aos nanoplásticos. Nature

Decomposição de Plásticos do Dia a Dia em Partículas de Nanoplástico

Itens cotidianos feitos de PE, PP, PS e N66 se degradam em nanoplásticos devido à luz solar, produtos químicos e desgaste, resultando em partículas que ingerimos, inalamos ou absorvemos pela pele.

Embora a pesquisa sobre os impactos dos nanoplásticos na saúde esteja ainda em estágios iniciais, os cientistas sabem que esses nanoplásticos são pequenos o suficiente para interagir com as células e podem até penetrar na barreira hematoencefálica, que normalmente impede que substâncias estranhas, como toxinas e patógenos, alcancem o cérebro.

Os esforços para enfrentar o problema dos micro e nanoplásticos são urgentes. No início deste ano, testes em água engarrafada de três marcas líderes nos EUA detectaram uma média de quase 250.000 partículas de nanoplástico por garrafa, destacando a dimensão do desafio que temos pela frente.


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