Últimos Mamutes Lanosos Revelam Novas Pistas de Extinção

Últimos Mamutes Lanosos Revelam Novas Pistas de Extinção

Crédito: BETH ZAIKEN

Há quatro mil anos, o último mamute peludo de uma ilha na costa da atual Sibéria morreu. Este isolamento poderia ter levado à endogamia fatal e ao declínio populacional, contribuindo para a extinção da espécie.

No entanto, um novo estudo revela que, embora os mamutes da Ilha Wrangel fossem de facto consanguíneos, isto por si só não selou o seu destino. A população perdeu gradualmente mutações genéticas prejudiciais, sugerindo que “outro evento aleatório, como doenças ou mudanças ambientais, levou à sua extinção, de acordo com investigadores num relatório da Cell de 27 de junho”.

Elogios da pesquisa e implicações modernas na conservação

Joshua Miller, paleontólogo da Universidade de Cincinnati que não esteve envolvido no estudo, elogiou a pesquisa por fornecer informações valiosas sobre o fim dos mamutes da Ilha Wrangel. Ele observou que “o estudo também tem implicações para os esforços modernos de conservação, enfatizando a importância de monitorar a saúde genética em espécies ameaçadas para evitar destinos semelhantes”.

Mamutes peludos vagavam pela Sibéria continental até cerca de 10 mil anos atrás, quando o aumento do nível do mar encalhou populações em ilhas isoladas. Esta separação geográfica provavelmente limitou a mistura genética entre os mamutes, reduzindo a diversidade genética e aumentando a vulnerabilidade às mudanças ambientais.

Love Dalén, geneticista evolucionista do Centro de Paleogenética de Estocolmo e coautor do estudo, enfatizou a importância da variação genética para a adaptação às mudanças ambientais. Teorias anteriores sugeriam que o isolamento aumentava a endogamia e a vulnerabilidade genética. No entanto, Dalén e os seus colegas contestam isto há mais de uma década, argumentando que outros factores estavam em jogo.

Análise Genética Abrangente

A equipe de pesquisa analisou 21 genomas de mamutes, incluindo oito publicados anteriormente, cobrindo os últimos 50 mil anos de existência da espécie. Esta análise genética abrangente revelou que, embora os mamutes isolados na Ilha Wrangel fossem consanguíneos, não estavam condenados apenas por factores genéticos. “O estudo fornece uma compreensão diferenciada da complexa interação entre a genética e os fatores ambientais na extinção do mamute-lanoso.”

Crédito: LOVE DALÉN

Usando software de modelagem computacional, a equipe comparou os genomas dos mamutes peludos com os dos elefantes e dos humanos para avaliar o impacto das mutações genéticas prejudiciais nos mamutes e se essas mutações foram eliminadas ao longo do tempo.

A análise revelou que, embora a população de mamutes da Ilha Wrangel tenha começado com apenas oito indivíduos, cresceu para cerca de 200-300 e permaneceu estável até à sua extinção. Os investigadores descobriram que as mutações genéticas mais prejudiciais tornaram-se menos frequentes, provavelmente porque os animais afetados não conseguiram reproduzir-se.

Perguntas não resolvidas e direções de pesquisas futuras

Apesar disso, Vincent Lynch, biólogo evolucionista da Universidade de Buffalo, adverte que, embora o estudo forneça fortes evidências contra o modelo de fusão genética, não o exclui totalmente. Ele sugere que “o acúmulo de pequenas mutações genéticas poderia ter aumentado a vulnerabilidade dos mamutes a outras mudanças ambientais, como doenças, mudanças climáticas e atividade humana, contribuindo para a sua eventual extinção”.

Os desafios na obtenção de ADN de alta qualidade limitaram a capacidade da equipa de analisar a condição genética dos mamutes da Ilha Wrangel durante os seus últimos 300 anos, ou cerca de cinco gerações, de acordo com a co-autora do estudo, Marianne Dehasque. Com os avanços nas tecnologias de sequenciamento, os pesquisadores pretendem completar a análise da trajetória genética dos mamutes no futuro.

À medida que os cientistas continuam a investigar, os momentos finais do mamute peludo permanecem um mistério. “Talvez eles só tenham tido azar”, especula Love Dalén. Ele sugere que, sem um evento catastrófico, “ainda poderemos ter mamutes andando por aí hoje”.


Leia o Artigo Original: Science News

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