Viticultores na Ponta de África Adaptam-se às Alterações Climáticas

Viticultores na Ponta de África Adaptam-se às Alterações Climáticas

A replantação é feita por fases, com as vinhas velhas, nomeadamente a Chenin, a manterem a produção enquanto as novas crescem.
A replantação é feita por fases, com as vinhas velhas, nomeadamente a Chenin, a manterem a produção enquanto as novas crescem.

Numa propriedade vinícola sul-africana, pilhas de videiras secas e desenraizadas encontram-se na base de um terreno árido e montanhoso.

As vinhas estão a ser replantadas para se adaptarem às alterações climáticas, antecipando chuvas pouco frequentes mas intensas na região vinícola.

Da Austrália à Califórnia, e de França a Espanha e Itália, os produtores de vinho de todo o mundo estão a correr para se adaptarem aos impactos das alterações climáticas no cultivo da uva.

Não sou uma pessoa que se limita a aceitar as coisas. Vamos recuar um pouco“, comentou Rosa Kruger, a consultora de viticultura que lidera os esforços de adaptação na zona das Vinhas do Cabo, perto da Cidade do Cabo.

Vinhas Despreparadas Enfrentam Desafios Climáticos Extremos Perto de Stellenbosch

Kruger afirma que, tal como muitas outras propriedades vinícolas perto de Stellenbosch, as vinhas da propriedade de Reyneke não estavam preparadas para fenómenos climáticos extremos.

No passado, as nossas vinhas estavam dispostas em blocos quadrados“, disse à AFP Kruger, de 64 anos, vestida com botas, calças de ganga e um corta-vento escuro, referindo-se ao esquema de plantação antiquado que está a substituir.

Para gerir melhor as chuvas fortes, as novas videiras estão a ser plantadas de acordo com a topografia acidentada da região.

A replantação ocorre por fases, com as vinhas mais velhas, nomeadamente a Chenin – a variedade de uva icónica do Vale do Loire, em França – a continuarem a produzir enquanto as novas vinhas amadurecem.

A vinha de Reyneke, perto de Stellenbosch, está a adaptar-se para enfrentar os desafios das alterações climáticas.
A vinha de Reyneke, perto de Stellenbosch, está a adaptar-se para enfrentar os desafios das alterações climáticas.

Pode levar até quatro anos para que as novas vinhas se tornem produtivas.

“Estruturámosas vinhas para se adaptarem ao terreno natural“, explicou Kruger.

São instalados drenos entre cada parcela para recolher a água da chuva, conduzindo a um reservatório que fornece água durante as secas.

Melhorar a Biodiversidade e a Saúde do Solo através de Arbustos Nativos na Propriedade

Os arbustos nativos são plantados em toda a propriedade para aumentar a biodiversidade, atraindo insectos e outros animais selvagens para melhorar a saúde do solo.

Os pinheiros, introduzidos pelos colonos europeus, foram retirados devido ao seu elevado consumo de água.

A propriedade é enriquecida com fertilizante natural proveniente do rebanho de vacas da propriedade.

O nosso objetivo é criar uma quinta sustentável que se mantenha relevante nos próximos 50 ou 100 anos“, afirmou Rudiger Gretschel, 46 anos, enólogo principal e diretor da Reyneke.

Rosa Kruger, uma consultora de vinicultura na África do Sul, diz que enfrentou ceticismo quando começou a defender a adaptação climática há mais de uma década.
Rosa Kruger, uma consultora de vinicultura na África do Sul, diz que enfrentou ceticismo quando começou a defender a adaptação climática há mais de uma década.

A propriedade beneficia de condições favoráveis, como “solos de granito” e a sua proximidade do oceano, segundo Gretschel.

No entanto, cultivar uvas “na ponta de África” apresenta o seu próprio conjunto de desafios.

O clima já é imprevisível”, observou. “A precipitação é mínima e as temperaturas são elevadas“.

Prevê-se que as condições se deteriorem ainda mais.

ONU Prevê Aumento da Temperatura até 3°C no Final do Século

No entanto, o planeta está a caminho de um potencial aumento de temperatura de quase 3 graus Celsius até ao final do século, de acordo com as Nações Unidas.

As projecções indicam que a província do Cabo Ocidental, incluindo Stellenbosch, poderá registar uma redução de 30% na precipitação anual até 2050.

Embora a precipitação possa tornar-se menos frequente, prevê-se que se intensifique, conduzindo a um aumento das inundações.

Se alguém duvida das alterações climáticas, devia visitar a África do Sul“, observou Kruger, que se deparou com um ceticismo considerável quando defendeu a adaptação ao clima há mais de uma década.

No âmbito deste regime, as vinhas são redesenhadas de acordo com a disposição natural do terreno.
No âmbito deste regime, as vinhas são redesenhadas de acordo com a disposição natural do terreno.

A uma curta distância de carro, a Cidade do Cabo já se debate com a escassez de água.

Em conclusão, “com menos chuvas, os habitantes da cidade terão prioridade sobre os agricultores“, explicou Kruger. “Épor isso que a autossuficiência é essencial. É esse o objetivo principal“.


Leia O Artigo Original: Phys Org

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