Cientistas Encontraram Uma Nova Utilização para os Restos de Café

Cientistas Encontraram Uma Nova Utilização para os Restos de Café

Crédito: Pixabay
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O nosso gosto pelo café resulta em milhões de toneladas de borras de café deitadas fora anualmente. Os cientistas têm vindo a explorar métodos para as utilizar, e agora temos mais uma adição à lista: a investigação demonstra que as borras de café velhas podem absorver a bentazona, um herbicida agrícola.

Se a tecnologia puder ser avançada, ela abordará duas questões ambientais simultaneamente: a eliminação das borras de café e os danos infligidos pelos herbicidas agrícolas à vida selvagem e aos ecossistemas circundantes.

Pesquisadores da UTFPR Constatam que a Borra de Café É Eficaz na Remoção de Herbicidas

Investigadores da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), no Brasil, descobriram que, quando o cloreto de zinco foi utilizado para ativar o carbono das borras de café descartadas, este carbono apresentou uma eficácia de 70% na eliminação da bentazona, o herbicida predominante utilizado na agricultura.

Células vegetais expostas a água normal (a) e a água com herbicida (c, d) com setas a apontar para cromossomas danificados durante a divisão celular. (da Silva Rocha et al., Journal of Chemical Technology and Biotechnology. 2024)
Células vegetais expostas a água normal (a) e a água com herbicida (c, d) com setas a apontar para cromossomas danificados durante a divisão celular. (da Silva Rocha et al., Journal of Chemical Technology and Biotechnology. 2024)

Os investigadores realizaram experiências com bentazona dissolvida em líquido, antes e depois de a tratarem com carvão ativado derivado de borras de café usadas. Examinaram o seu impacto nos tecidos da raiz da cebola, conhecidos como meristemas.

Estes tecidos servem de pontos de crescimento para as plantas, pelo que qualquer dano que lhes seja causado perturba o desenvolvimento da planta.

No artigo publicado, os investigadores observaram que “antes da adsorção, o efluente causava uma citogenotoxicidade significativa nos meristemas da raiz da cebola”. No entanto, “após a adsorção, o efluente gerado deixou de causar toxicidade no sistema de teste e os resultados obtidos foram semelhantes ao controlo com água destilada”.

Preocupações da EPA: Contaminação por Bentazona e Riscos para a Saúde

A Agência de Proteção Ambiental (EPA) dos EUA levantou preocupações sobre os níveis potencialmente nocivos de bentazona nas águas subterrâneas e na água potável. Sabe-se também que apresenta riscos para a saúde humana por inalação, ingestão ou absorção cutânea.

Relativamente às borras de café usadas, a sua eliminação, quer em massas de água quer em aterros, é prejudicial para o ambiente. No entanto, algumas das reacções químicas que provocam revelaram-se úteis em processos de descontaminação.

Embora estes resultados sejam preliminares, são promissores, indicando que o carbono derivado de borras de café usadas trata eficazmente a água contaminada com bentazona. Os próximos passos consistirão em aperfeiçoar e aumentar a escala destes processos.

“Os pesquisadores enfatizam a relevância significativa deste estudo em contextos industriais e ambientais, devido às questões de saúde e ambientais associadas ao uso não regulamentado dessas substâncias.”

O Reaproveitamento Diversificado dos Grãos de Café Oferece Segurança

O facto de os cientistas continuarem a descobrir várias formas de reorientar as borras de café velhas, quer melhorando a nutrição dos alimentos quer atenuando potencialmente os riscos de demência, oferece alguma segurança relativamente aos nossos hábitos de consumo de café.

Embora o mecanismo exato do processo de absorção continue por esclarecer, espera-se que as conclusões do estudo contribuam para futuras investigações neste domínio. Embora existam vários métodos disponíveis para eliminar os poluentes pesticidas do ambiente, há ainda muito trabalho a fazer.

“A contaminação das águas subterrâneas e superficiais é atualmente um dos desafios ambientais mais urgentes. A prevenção da poluição da água é fundamental neste século”, observam os investigadores.


Leia O Artigo Original: Science Alert

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