Sensor de Luz do Telemóvel: Uma Ferramenta Potencial para Vigilância não Autorizada

Sensor de Luz do Telemóvel: Uma Ferramenta Potencial para Vigilância não Autorizada

Crédito: Unsplash.

Numa vida cada vez mais dependente dos telemóveis, as pessoas confiam aos seus smartphones várias tarefas sensíveis, desde transacções financeiras a actividades relacionadas com o trabalho e até mesmo a documentação de reflexões pessoais através de aplicações como o Notes. No entanto, um estudo recente conduzido por investigadores do MIT lança luz sobre uma potencial ameaça à privacidade associada ao despretensioso sensor de luz ambiente presente na maioria dos telemóveis.

A Vulnerabilidade dos Sensores de Luz Ambiente

Embora os smartphones exijam frequentemente permissões de utilizador para que as aplicações acedam a funcionalidades como a câmara ou o microfone, os sensores de luz ambiente funcionam normalmente sem essas restrições. De acordo com a equipa do MIT liderada por Yang Liu, os piratas informáticos poderiam explorar esta vulnerabilidade para seguir e reconstruir as actividades de um utilizador.

Os investigadores desenvolveram um algoritmo capaz de utilizar as variações captadas pelo sensor de luz para reconstruir imagens das interacções tácteis de uma pessoa com o seu telefone, tais como percorrer ou deslizar. O teste do algoritmo num tablet Android pronto a usar em vários cenários, incluindo interacções com um boneco e gestos durante a reprodução de vídeo, revelou que os dados do sensor de luz podiam recriar as interacções no ecrã.

Ameaça à Privacidade e Limitações Actuais

Apesar da potencial ameaça à privacidade, o estudo garante que o risco não é iminente. O ritmo a que as imagens podiam ser recuperadas era relativamente lento, com um fotograma a cada 3,3 minutos. Esta limitação tornaria difícil para qualquer ameaça potencial acompanhar as interacções telefónicas em tempo real. Além disso, as imagens obtidas a partir de uma fonte de vídeo natural eram relativamente desfocadas.

Atenuar os Riscos Potenciais

Para fazer face aos potenciais riscos, os investigadores propõem várias recomendações. Salientam a necessidade de restringir o acesso aos sensores de luz ambiente, exigindo uma autorização do utilizador semelhante aos pedidos da câmara ou do microfone. Além disso, sugerem a imposição de limitações à precisão e velocidade do sensor para evitar a criação de imagens de alta resolução. A colocação do sensor na parte lateral do dispositivo, onde não pode captar gestos reveladores, é também sugerida como medida de proteção.

Em conclusão, embora a ameaça de exploração dos sensores de luz ambiente para invadir a privacidade tenha sido demonstrada, a implementação das restrições e precauções de software sugeridas pode ajudar a mitigar os riscos associados a esta vulnerabilidade emergente.


Leia o Artigo Original: Science Advances

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